segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Das páginas do samba: Saudades de Jovelina Pérola Negra V

E chegamos ao final desta série sobre a inesquecível partideira Jovelina Pérola Negra, que nos deixou em novembro de 1998. Neste último capítulo começo lembrando de uns fatos um tanto sobrenaturais que aconteceram em novembro de 2004 durante os ensaios para o DVD Raça Brasileira – 20 Anos, que comemorava os vinte anos do LP que lançou a Jojô. Parecia até que ela brincava com a gente no estúdio da Som Livre.


Num dos últimos ensaios o músico Mauro Diniz, que fez os arranjos e a regência do DVD, chegou atrasado: “As partituras das músicas que a Jovem (era assim que ele a chamava) cantava sumiram do computador. Tive que fazer novamente”, explicou. Neste mesmo dia, ao fim do ensaio, eu e Mauro registramos nosso depoimento para o extra do DVD. Lembramos das gravações do Raça Brasileira, em 1985 e, claro das engraçadas histórias da Jovelina, como o collant de oncinha, por exemplo. Sabe o que aconteceu? Um cabo de aço desabou na nossa frente, interrompendo nossa conversa (está gravado no DVD) e, em seguida, acabou a luz no prédio da Som Livre.


Para completar, no dia seguinte, quando a assistente de produção Sandra Rolszt contava esta história na técnica, umas caixas de papelão desabaram em cima dela. Uma coincidência ou uma brincadeira da Jojô? Essa eu não sei responder.


Como também não sei responder o que aconteceu, por exemplo, em algumas das gravações do CD Jovelina Duetos, que produzi na Som Livre. Coloquei a Jojô pra cantar com Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Beth Carvalho, Alcione, Seu Jorge, Leci Brandão, Jorge Aragão, Revelação, Almir Guineto, Fundo de Quintal, Marcelo D2, Zélia Duncan, Dominguinho do Estácio e Cassiana, filha dela. E a emoção tomou conta, com gargalhadas e muitas lágrimas rolando nas lembranças.

E alguns sustos também, como quando Xande de Pilares, do Revelação, foi colocar sua voz em Amor Indeciso. Numa das brincadeiras deste engraçado partido, caiu o microfone. Do nada. Ou quando Leci chegou e ao ouvir a base constatou que não conseguiria cantar no tom original gravado pela Jovelina. E, após se emocionar e chorar cantou como se No Mesmo Manto estivesse no seu tom.

Aliás, se você não tem, procure ouvir. Vale a pena...

por Marcos Salles


Fotos


Marcos Salles e Marcelo D2, fã de Jovelina


Marcos, Cassiana e os músicos Márcio Vanderlei e Mauro Diniz gravando

Marcos e Alcione
Marcos e Xande de Pilares


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